Eu rastreio, tu rastreias, ele rastreia… Porque somos todos agentes de Saúde Pública

Num mundo pré-pandemia, um nariz ranhoso seria, provavelmente, uma constipação e a febre com dores no corpo uma gripe que resolvíamos com um ou dois dias de cama. Os sintomas não mudaram muito, mas o que eles podem significar sim.

Febre ou tosse passaram a ser sintomas suspeitos de quem possa estar infetado com o coronavírus e se tiver dois ou mais sintomas combinados, como nariz entupido, dores de garganta, dores de cabeça, dores no corpo ou cansaço extremo, também, como defende a Organização Mundial de Saúde (https://www.who.int/publications/i/item/WHO-2019-nCoV-Surveillance_Case_Definition-2020.2) e os Centros para o Controlo e Prevenção da Doença norte-americanos (https://wwwn.cdc.gov/nndss/conditions/coronavirus-disease-2019-covid-19/case-definition/2020/). A estes ainda se podem juntar a perda de olfato ou a perda de paladar, dois que não deixam muitas dúvidas sobre qual será a causa.

Se dantes desvalorizávamos aquela febre que vinha num dia e passava ou as dores no corpo, mesmo que não encontrássemos motivos para as ter, agora precisamos, mais do que nunca, de ouvir o que nos diz o nosso corpo com atenção. O vírus SARS-CoV-2 pode ter arranjado maneira de nos encontrar (entenda-se, infetar) e, mesmo que não nos faça ficar doentes, vai usar-nos como meio de transporte para chegar a outras pessoas, algumas delas que poderão não aguentar tão bem a doença.

Se um vírus não é sequer um ser vivo, nós, por outro lado, temos a capacidade de fazer escolhas e contribuir para a nossa própria saúde e a saúde dos outros. Se temos sintomas que nos deixam com dúvidas, nada como isolarmo-nos em casa e contactar o SNS24. Se não for nada, seguimos a nossa vida com as devidas precauções, mas com tranquilidade. Se estivermos infetados, podemos ser mais rápidos do que as equipas de rastreio sobrelotadas de trabalho e avisar os nossos contactos mais próximos — as pessoas com quem estivemos nos dois dias antes dos primeiros sintomas e todas aquelas com quem estivemos depois disso.

 

 

E quem esteve com uma pessoa infetada, com uma pessoa que receia estar infetada ou com alguém que tem os sintomas típicos (ainda que os desvalorize)? O SNS24 ajudará a avaliar o grau de risco, mas também pode fazer a sua avaliação: quanto mais tempo, mais próximo e se tiver sido em ambiente fechado, maior a probabilidade de também ter sido infetado. Isolar-se em casa até conseguir fazer o teste é regra de ouro. E, depois, mais uma vez, se estiver infetado, não hesite em contactar as pessoas com quem esteve nos dois dias antes dos sintomas ou, se não tiver sintomas, nos dois dias antes do teste.

Sabemos que lembrar cada um destes passos no meio de toda a informação que recebemos diariamente não é fácil. Por isso, criámos um pequeno esquema (https://lnkd.in/emeCVdQ) que pretende guiá-lo nestas situações e aconselhar o que deve fazer em cada uma delas. Na dúvida, o SNS24 e os centros de saúde são o primeiro local onde pode pedir ajuda — pelo telefone, claro. Isto porque não deve andar de transportes públicos (nem contactar com outras pessoas) enquanto não souber se está infetado ou não.

Vera Novais, jornalista de ciência, presidente da Rede SciComPt

 

Vasco Ricoca Peixoto, médico interno de Saúde Pública, investigador Escola Nacional de Saúde 

Pública

 

Vera Novais é jornalista no Observador e faz trabalhos como freelancer para órgãos de comunicação internacionais. Vera escreve sobre vários temas de ciência, geralmente sobre as ciências da vida, saúde, astrofísica e política de ciência. Os trabalhos de que mais gosta de fazer estão relacionados com desmontar desinformação sobre temas de ciência, saúde ou nutrição. Vera Novais é presidente da Rede de Comunicação de Ciência e Tecnologia de Portugal – SciComPt, é membro da direção da International Science Writers Association (ISWA) e colabora frequentemente com a World Federation of Science Journalists (WFSJ). Vera Novais é formada em Biologia pela Universidade de Coimbra e mestre em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova de Lisboa.

 

 

 

 

          Vasco Ricoca Peixoto, Médico Interno de Saúde Pública em  Lisboa e Vale do Tejo na Unidade de Saúde Pública Norte de Lisboa (2017-). Allumnus do Programa Europeu de Epidemiologia de Intervenção (EPIET MS-Track), do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC)(2018-2020). Doutorando em Saúde Pública e membro Colaborador do Centro de Investigação em Saúde Pública na Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa (2020-). Curso de Especialização em Saúde Pública na Escola Nacional de Saúde Pública. (2019). Membro do Grupo de Trabalho do Desafio Gulbenkian – Boas escolhas, melhor saúde (2019-).  Membro da Comissão de Avaliação Externa da Agência de Avaliação  e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) para os Mestres Integrados em Medicina (2016-2018).

 

 

Este texto insere-se no âmbito do Projecto “Cultura, Ciência e Tecnologia na Imprensa”, promovido pela Associação Portuguesa de Imprensa.

 

Projeto de ecoturismo e voluntariado “Bamu Non?” com novas datas para 2021

 

“Bamu Non?” (Vamos?), Viagens de Ecoturismo e Voluntariado em São Tomé e Príncipe”, é uma iniciativa que combina turismo na natureza com solidariedade, de que já falei aqui. Foi fundada por Hamilton Costa, nascido na Roça de Santa Catarina, em São Tomé, que explica “Desde 2006 que vou regularmente a São Tomé de férias, onde ainda reside cerca de 70% da minha família. Comecei por levar algumas ofertas nas malas, com o passar dos anos, todo o conteúdo da bagagem, eram doações. As malas deram lugar a caixotes e em 2015 os caixotes deram lugar a contentores com toneladas de bens de primeira necessidade”.

Para além dos donativos para a sua associação (Ajudar a amparar), Hamilton Costa começou a receber muitas perguntas de pessoas que tinham o sonho de fazer voluntariado em África e queriam “conhecer a famosa Ilha de chocolate”. Para colmatar esta necessidade que verificava, Hamilton criou este projeto, de forma a dar a conhecer uma ilha belíssima e ajudar o seu povo através de um programa de voluntariado orientado para fazer a diferença em famílias, comunidades e instituições. “Ficaremos hospedados numa simpática Roça Familiar (Monte Alegre), fora da cidade, rodeados pela magia da floresta. Teremos sempre comida caseira, frutas da época, peixe fresco, bolos deliciosos da Mãe Joana, legumes e chás colhidos na hora”. Read more

A solidão em tempos de pandemia

 

A Delegação Regional do Centro da Saúde em Português, organizou na passada Quinta-feira, dia 17 de Dezembro, às 21h00, um webinar gratuito subordinado ao tema “A solidão em tempos de pandemia”. A saúde mental e a solidão que todos sentimos em determinado momento, independentemente do contexto, estiveram em foco numa conversa informal, que trouxe muitos pontos de vista válidos que importa conhecer e debater.

A abertura da sessão esteve a cargo do Doutor Fidalgo de Freitas, médico psiquiatra, que nos falou que a solidão é um sentimento subjetivo, muito nosso, não é mensurável, é pessoal. Podemos sentirmo-nos sozinhos no meio da multidão, por exemplo. A solidão normalmente tem uma conotação negativa, pode ser um sintoma de depressão que distorce a realidade. A pessoa que se sente solitária pode ter certos fatores de personalidade que apontam para introversão como sofrer de timidez e baixa autoestima. A solidão é um problema social complexo, fruto de uma organização social que prima pelo individualismo, por famílias mais pequenas e com cenários de pobreza e falta de uma rede social de apoio estruturada.Read more

A história de Ariel

Ariel é uma criança, de 21 meses que sofre de uma doença genética do cérebro, encefalite epilética. Com o nome da Pequena Sereia e feições angelicais, Ariel luta para desenvolver-se em várias terapias, mas precisa de ajuda para continuar os seus tratamentos.
É a mãe, Soraia Moreira, de 25 anos, que nos conta como tudo aconteceu. Ariel é fruto de um grande amor: Soraia começou a namorar com Antero, de 31 anos, em Abril de 2014 e vão viver juntos um ano depois “Sempre idealizámos viver juntos e ter um filho, que seria o Afonso, mas tivemos a princesa Ariel, e agora não a trocávamos por nada”, afirma.
A gravidez, nas suas palavras “correu lindamente, tranquila, sem grandes desejos, apenas os normais que já era habitual ter. Era incrível sentir a Ariel a mexer, estava muito ansiosa e feliz a organizar tudo para o seu nascimento”.
Foi sempre vigiada e seguida por uma obstetra particular que lhe deteta uma gravidez de risco. Ariel não estava a crescer o esperado dentro do útero e uma vez que os bebés têm de nascer às 37 semanas, a 25 de Janeiro de 2019 Soraia é internada para induzir o parto. Ariel nasce no dia seguinte, 26 de Janeiro de 2019.Read more

Doença mental e abandono no período da pandemia no CES

 

No dia 15 de Setembro teve lugar, via zoom, a sessão “Doença mental e abandono no período da pandemia”, o 11º evento da série Conversas desconfinadas do CES (Centro de Estudos Sociais) da Universidade de Coimbra. A sessão que se iniciou às 16h00, contou com a presença do investigador Tiago Pires Marques e Sílvia Portugal e foi moderada por Ana Raquel Matos, Ana Teixeira de Melo e João Arriscado Nunes.

Durante cerca de duas horas falou-se do sofrimento psíquico, dos paradigmas vigentes na saúde mental e na necessidade de dar representatividade e visibilidade a várias condições. Num período inicial de pandemia, proliferou um discurso do medo que moldou emoções e perceções e trouxe à tona fragilidades já existentes. Muitas consultas presenciais tiveram de ser canceladas e feitas por telefone, a ansiedade e nervosismo nas pessoas disparou. Percebe-se que é cada vez mais premente “dessacralizar-se”, por assim dizer, a clínica, no sentido de reformar e revitalizar a saúde mental em Portugal e ter em especial atenção aos grupos de risco. Aliando abordagens como a biomédica que assenta na toma de medicamentos com a psicoterapêutica que procura, entre outras coisas, ir à raiz dos problemas e acabar com comportamentos nocivos, é possível desenhar um quadro de esperança e trazer luz ao que pode ser visto como um quadro negro. Read more

Campanha Nacional de Prevenção do Suicídio

No dia 10 de Setembro assinalou-se o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, com um webinar transmitido online às 15h00 que contou com a presença da Directora-Geral da Saúde, Graça Freitas. A iniciativa que se insere no mês popularmente conhecido como Setembro amarelo, surge no seguimento da Campanha Nacional de Prevenção de Suicídio, à semelhança do que acontece em muitas partes do globo.

Durante a sessão, que demorou cerca de uma hora e meia, falaram-se de vários aspectos que importa salientar:

  • A saúde mental é uma questão de saúde pública.
  • O suicídio é um fenómeno complexo, multifacetado e requer estratégias de prevenção de risco especialmente junto das populações mais vulneráveis como adolescentes, idosos, LGBTI, entre outros.
  • Os problemas não são homogéneos, não há fórmulas únicas para os resolver pelo que exigem articulações em diferentes valências como linhas directas, programas de apoio e grupos de suporte.
  • Apesar de não ser possível recuperar o tempo perdido no meio de um ano muito difícil para a Direcção-Geral de Saúde, é urgente retomar o Plano Nacional de Prevenção de Suicídio e pragmatizar acções, com mais investimento, financiamento e sensibilização do público. Isto é possível através de campanhas, formação de público específico e equipas comunitárias bem como maior acesso aos serviços centrais de saúde mental.
  • A necessidade de se fazerem mais ensaios clínicos e de haver uma melhor articulação entre a academia e a actividade clínica e de se apostar cada vez mais no treino e formação de profissionais qualificados.
  • Estima-se que todos os dias se suicidam três pessoas em Portugal e que 90% delas tenha doença mental.
  • É muito importante haver mais literacia para a saúde, que se combatam estigmas e vergonha associados à saúde mental, que funcionam como uma barreira ao acesso aos cuidados de saúde.
  • Faz parte dos objectivos de Desenvolvimento Sustentável reduzir os suicídios em um terço.
  • Os desafios são muitos: alcançar a população, promover mudanças e mudar atitudes. A mudança deve ser significativa e duradoura, com redes comunitárias fortes e entidades parceiras que veiculem mensagens unificadas em cada zona do país.
  • A informação deve ter qualidade e ser fidedigna, pelo que a comunicação social deve tentar ter um impacto positivo na prevenção do suicídio, cingindo-se a factos sem ser sensacionalista ao relatar suicídios, com técnicos capazes e com rigor científico.
  • A detecção precoce da pessoa com ideação suicida contribui para uma ajuda mais facilitada e célere, com avaliação do risco, de forma a trazer benefício para a saúde do individuo e sua qualidade de vida.
  • O suicídio não escolhe classes, género, idade ou região geográfica. Contribuir para a diminuição do número de suicídios é responsabilidade de todos.
  • É preciso combater os alarmismos e os mitos associados a este tema que continua a ser um tabu na sociedade portuguesa ou que é incorrectamente noticiado. Nesse sentido foi criado um site com recursos muito úteis e contactos e serviços disponíveis que pode ser visitado em: https://prevenirsuicidio.pt/

 

EAPN- Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal

“Só somos livres quando somos iguais”

A pobreza é um problema sistémico no mundo. Com o objetivo de combater este flagelo social, foi fundada em 1990, em Bruxelas, a EAPN- European Anti Poverty Network (Rede Europeia Anti-Pobreza), com representação em 31 países. Foi implementada em Portugal em 17 de Dezembro de 1991, tendo-lhe sido posteriormente reconhecido o estatuto de Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD).

Com sede no Porto, a rede portuguesa da EAPN estende-se a todo o território nacional através de 18 Núcleos Distritais e um núcleo na Região Autónoma da Madeira. O seu trabalho faz-se em rede, que busca a complementaridade decorrente de se aliar diferentes saberes. Através das parcerias com outras instituições, faz-se uma ponte que permite não repetir trabalho e estabelecer alianças para corrigir os desequilíbrios que se verificam no nosso tecido social.Read more

Iniciativa “Dou mais tempo à vida-Juntos venceremos o cancro” em São Pedro do Sul

 

O Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC.NRC) está a levar a cabo uma acção denominada “Dou mais tempo à vida- Juntos venceremos o cancro” (DMTV), uma campanha solidária que tem como objectivo a promoção de estilos de vida saudável, sobretudo a prática de exercício físico, na região centro do país. A campanha culmina em São Pedro do Sul no dia 28 de  Junho com uma caminhada que se pode realizar de forma individual ou em pequenos grupos. Esta 10ª caminhada irá decorrer no horário mais conveniente para cada pessoa, de maneira a evitar aglomerados e respeitando as recomendações da Direção-Geral da Saúde e as normas legais sobre a prevenção da Covid-19.

De salientar que os participantes são também convidados pela LPCC.NRC a produzir e partilhar pequenos vídeos ou fotografias, exibindo a t-shirt “Dou Mais Tempo à Vida” e a atividade física realizada.  Os registos deverão ser enviados para o email comunicacao.nrc@ligacontracancro.pt,  para posterior partilha onlineRead more

Yoga do riso

 

No dia 3 de Maio assinalou-se o Dia Mundial de Yoga do Riso. Já há algum tempo que tinha curiosidade em conhecer esta prática, pelo que um evento gratuito virtual revelou-se a ocasião perfeita para ter o que se revelou uma experiência muito rica e interessante.

A sessão teve lugar às 16h00, contou com a presença de Sabrina Tacconi, master trainer de Yoga do Riso pela Universidade de Riso da Índia e com a equipa de organização do Congresso “Rir é saúde” e do Dia Mundial de Yoga de Riso: Judite Resende, Rosa Espírito Santo e Mar Gómez. No final, foi a vez de nos dedicarmos a uma curta prática de mindfulness ou atenção plena conduzida pela psicóloga clínica e psicoterapeuta Joana Cordeiro Dias, que nos levou por uma viagem interior de relaxamento, descompressão e paz interior.Read more

Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro presta apoio alimentar no IPO Coimbra

Suspendidos os serviços de voluntariado hospitalar no Instituto Português de Oncologia de Coimbra (IPOC), no âmbito dos planos de contingência para a COVID-19, o Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC.NRC) determinou manter o seu apoio material, através da distribuição de alimentos a doentes e profissionais de saúde.

Em comunicado oficial, a LPCC.NRC revela que primeira entrega ocorreu a 16 de Março, tendo sucedido na última semana, consistindo na distribuição de 2780 produtos alimentares ao IPOC. O conjunto de alimentos embalados inclui produtos como pacotes de leite, águas, sumos, bolachas, compotas, entre outros.

A iniciativa visa garantir a assistência aos doentes, como também aos profissionais prestadores de cuidados de saúde, atendendo à situação de stress emocional, profissional e físico que estão a viver.

A distribuição dos produtos é feita através da sua entrega ao IPOC, que gere a sua distribuição interna. Esta medida terá a continuidade possível, atendendo aos condicionalismos existentes na obtenção de alguns bens, no actual contexto da pandemia de COVID-19.

Vítor Rodrigues, Presidente do Núcleo refere: “vamos tentar manter e, dentro do possível, reforçar as habituais actividades de apoio ao doente e suas famílias, seja em ambiente hospitalar seja na sua comunidade, tendo a certeza de que este apoio tem de ser reforçado agora e no futuro próximo”.

Recorde-se que Portugal se encontra em estado de emergência desde as 00H00 de quinta-feira, com o objectivo de combater a pandemia de COVID-19. Como nota final, a LPCC.NRC reforça que deve ser consultado regularmente o site da DGS (www.dgs.pt), onde a informação é actualizada com a apropriada regularidade.