O paradoxo da produtividade

Foto de Andrew Neel na Unsplash

 

A saúde mental não é algo fixo, gravado na pedra, que funciona exatamente da mesma forma para todas as pessoas. Recebemos muita informação, sobretudo conteúdos contraditórios entre si e podemos ficar inquietos ou angustiados por não sabermos onde está a verdade e para onde nos devemos virar.

Por um lado temos o grupo da produtividade que acredita em trabalhar em quase cair para o lado, que não se põe em primeiro lugar nem às suas relações interpessoais. O trabalho e os lucros que dele advém são sempre prioridade e acredita-se que a exaustão extrema a nível profissional (burnout) só acontece aos outros. Até que acontece a uma dessas pessoas e lhes faz ver que a balança em que mediam o seu valor pelos seus feitos laborais, estava muito desequilibrada. Que para termos saúde perfeita é preciso termos tempo para lazer, para respirar em paz e reduzir ao mínimo o stress.

Por outro lado, temos o grupo do autocuidado levado ao extremo, isto é, que não consegue realizar nenhuma tarefa nem algo que exija disciplina. Se o primeiro grupo se sente culpado por sentir que nunca trabalha o suficiente e é capaz de adiantar tarefas profissionais mesmo nestas épocas festivas, o segundo grupo como que se desliga e passa dias na cama, por vezes. Sente-se incapaz, em sofrimento, letárgico e pode surgir um possível diagnóstico de depressão. É importante notar que cuidar de si não é desistir das metas e sonhos por medo ou desalento.

Tratam-se de duas mentalidades e posições distintas perante a vida: uma em que nada é suficiente, outra em que nada vale a pena. Como sempre, aconselha-se o caminho do meio, o da moderação. Sentimos-mos bem quando somos eficientes, quando executamos o nosso trabalho com excelência e brio. Cuidar-nos exige saber respeitar os nossos períodos de descanso e não menosprezar a importância do sono.

Neste Novo Ano que se avizinha, trace planos e empenhe-se, mas não se esqueça que somos feitos de afetos e precisamos de equilíbrio em todas as frentes para funcionar.

 

Paula Gouveia

 

Mutismo Seletivo, uma história real

 

Salomé Castro é uma mãe que gere a página de Instagram ms_ mutismoseletivo (Meu Sol Mutismo Seletivo) onde partilha informações sobre a condição que acomete o seu filho, Martim, de 6 anos de idade.

Fomos falar com ela para saber mais sobre o mutismo seletivo e  sobre o Martim.

“Quero apenas que ele seja um excelente ser humano, capaz de aprofundar as suas competências, sem limitações que o impeçam de se amar a si mesmo”.

 

1_ Como foi o parto e o desenvolvimento inicial do seu filho?

A gravidez do Martim foi planeada e correu lindamente. Foi um parto por cesariana porque ele estava numa posição sentada, o que inviabilizou o parto vaginal. O desenvolvimento dele, quer no útero, quer após o parto sempre foi dentro dos parâmetros normais.

2_ Com que idade percebeu que ele tinha um problema?

O Martim vivenciou o COVID-19 numa fase muito precoce, previamente à sua entrada na pré-escola. Assim, uma maior convivência com pessoas fora do nosso núcleo familiar só se verificou quando ele entrou para a pré-escola, com 3 anos de idade. Foi nessa fase que o Mutismo Seletivo se manifestou.

Ele não falava com os colegas, nem com as educadoras, e manifestava rigidez corporal e inexpressividade. Paralelamente, começou a fazer retenções urinárias porque a incapacidade de se expressar o impedia de pedir para ir ao WC. Esta situação obrigou a sucessivos internamentos hospitalares, onde tinha de ser algaliado… o que resultou numa experiência altamente traumática. Depois de descartadas todas as patologias físicas que podiam justificar essas retenções urinárias, tudo apontava para uma causa de origem psicológica.

A primeira vez que ouvi falar de Mutismo Seletivo foi quando a educadora do Martim me falou dessa possibilidade. Na sequência do seu alerta, consultei um pedopsiquiatra que, após alguns meses de acompanhamento, formalizou o diagnóstico de Mutismo Seletivo.

3_ Para quem não conhece, o que é o mutismo seletivo? Quais são os sintomas que foram identificados desde logo na sua criança?

O Mutismo Seletivo é um transtorno de ansiedade infantil em que a criança é incapaz de falar em alguns ambientes e com algumas pessoas. Regra geral, a criança fala normalmente em casa ou quando está sozinha com pessoas próximas, mas não consegue falar noutros ambientes sociais como a escola, em público ou em reuniões de família. O Martim, por exemplo, é uma criança que desde cedo se expressa verbalmente com grande fluência de vocabulário e que, como se costuma dizer, “fala pelos cotovelos”. Mas apenas em casa e com a família mais próxima.

A criança mutista sente que não consegue falar e esta incapacidade gera nela uma angústia tremenda. Independentemente da situação, mesmo com dor, ela não comunica. Por exemplo, uma situação que espantou os médicos foi o facto de o Martim ao ser algaliado — um procedimento doloroso e que motiva sempre muito choro e berros das crianças — não ter emitido um único som. As lágrimas caíam-lhe, ele tinha o rosto todo vermelho, mas estava inexpressivo e em absoluto silêncio; uma experiência muito violenta para ele e para mim.

Muitas vezes, o Mutismo é confundido com timidez, dificuldade de adaptação a um ambiente… mas é fundamental que as pessoas percebam que, na realidade, é muito mais do que isso.

Regra geral, o Mutismo Seletivo ocorre entre os 3 e 6 anos de idade e os sintomas podem variar de acordo com cada criança. Na sua génese é a incapacidade de as crianças se libertarem de uma prisão de silêncio. Elas sabem falar, elas querem falar, mas não conseguem. Não têm qualquer atraso cognitivo, mas há um bloqueio que as domina por completo e que pode atrapalhar bastante a sua qualidade de vida e o seu desempenho escolar. Além de lhes causar grande sofrimento, provoca dificuldade de interação social (que é essencial para o seu desenvolvimento) e compromete a sua autoestima.

4_ Como tem sido a evolução do seu filho desde que foi diagnosticado com essa condição?

O Mutismo Seletivo é um transtorno relativamente raro e ainda se desconhecem as causas, embora os especialistas acreditem que poderá ser motivado por uma componente genética a par de questões ambientais. O certo é que é muito importante ter um diagnóstico precoce e, felizmente, o meu filho foi diagnosticado bastante cedo. Está diagnosticado há cerca de três anos e a evolução tem sido progressiva, mas sólida. Creio que ele terá sempre uma componente de ansiedade associada à sua personalidade, porém, atualmente, ele interage com os seus pares, com os adultos integrados nas suas atividades diárias e regulares, com a família alargada. Ainda não fala com pessoas que acabou de conhecer ou que não vê com regularidade, mas há no seu comportamento geral uma clara descontração. É um caminho de superação a longo prazo, mas estou muito satisfeita com a evolução do meu filho.

5_ Que terapias está a fazer o seu filho atualmente?

Após o diagnóstico, o meu filho começou por fazer terapia sensorial, a par de acompanhamento em pedopsiquiatra. Terminada a terapia sensorial, iniciou psicoterapia com uma pedopsicóloga — sessões que mantém semanalmente.

Mais recentemente, quando completou 6 anos, iniciou também medicação, por indicação da pedopsiquiatra. A medicação visa a redução da ansiedade para que ele esteja mais recetivo a experienciar novos desafios, com vista a promover um reforço positivo que incentive o seu comportamento verbal e as habilidades de interação social, melhorando assim a sua autoestima.

6_ Quais são os passatempos ou áreas de interesse que ele revela ter?

O meu filho, como a maioria das crianças mutistas, têm uma inteligência e sensibilidade acima da média. Adora fazer puzzles, desenhar, ver TV, andar de patins, correr, mexer na terra, saltar nas poças de água… brincar! Iniciou agora o ensino básico e tem toda uma vida pela frente para escolher as áreas de interesse que o motivarão e realizarão. Enquanto mãe, quero apenas que ele seja um excelente ser humano, capaz de aprofundar as suas competências, sem limitações que o impeçam de se amar a si mesmo, de estabelecer relações sociais saudáveis e de ser feliz.

7_ Quais são as suas expetativas para o futuro?

As minhas expetativas são as mais otimistas. Sei que a ansiedade do meu filho estará sempre lá, mas também sei que ele está muito bem acompanhado e que aprenderá, passo a passo no seu crescimento e evolução, as melhores estratégias para lidar com ela.

Em relação ao Mutismo Seletivo, gostaria que fosse cada vez mais do conhecimento geral, para que mais crianças mutistas possam ser corretamente diagnosticadas e possam ter o acompanhamento precoce de que precisam e que merecem. Gostava que o Mutismo Seletivo fosse percecionado por aquilo que é: um transtorno de ansiedade que provoca um enormíssimo sofrimento a quem dele padece — mas que pode ser ultrapassado! Com consciencialização. Sem estigmas.

 

Paula Gouveia

 

Agorafobia

Foto de Nik na Unsplash

 

O que acontece se chegamos a uma estação de comboios e não conseguimos respirar normalmente, o coração parece que nos vai saltar do peito, todo o corpo treme e as mãos, para além de trémulas, estão húmidas? A multiplicidade de estímulos pode fazer com que nos sintamos numa situação de perigo em que, entre o lutar e o fugir, queremos fugir.

Outro exemplo é nos centros comerciais. Começamos a evitar espaços cheios de gente em que possam estar a olhar para nós, em que há muitas luzes, muitas vozes, muitas escadas rolantes apinhadas de pessoas, muito ruído.

O que acontece se certas situações (ruas estreias, pontes) fazem essa sensação de ansiedade disparar até a um ponto de pânico e perdemos o controlo sobre as nossas sensações, como se o nosso corpo pertencesse subitamente a outra pessoa?

Ter medo de estar em multidões, de trânsito excessivo geram círculos viciosos em que se passa justamente a ter medo de ter medo.

Se tal como eu, está a atravessar um período de maior ansiedade (em que as insónias podem ou não ser um sintoma também), não hesite em procurar ajuda. A terapia cognitivo-comportamental, feita por um psicólogo clínico experiente ou com quem simplesmente sentiu um clique de compaixão, pode fazer maravilhas.

Os nossos pensamentos são muito poderosos, pelo que é importante pensar em si com empatia. Trate-se como prioridade e averigue quais são as suas necessidades. Não há garantias nem curas definitivas e por vezes, a cada passo em frente, dá-se dois para trás.

Contudo, não se deixe vencer, não se julgue, não deixe de sentir determinação. A exposição às situações que lhe causam descontrolo emocional deve ser gradual, de forma a construir a sua autoconfiança e solidificar aquela voz interior que diz: “Eu consigo”. E mesmo que venha a não conseguir, não se martirize por isso.

As fobias podem ser debilitantes mas a mente tem em si propriedades surpreendentes. Acredite em si!

 

Paula Gouveia

À Espera do Comboio

 

Hoje, nenhum pombo. Seria de supor alguma melhoria higiênica na estação. Mas a sujidade é tão gigantesca que um microscópio só mostraria o que já é visível a olho nu. Sujidade sem nome, vinda de outras paragens, grudada nos assentos malhados, e que esparramada, faz imagem de mapas desconhecidos agora estampados no chão. Invocar o cheiro, não me atrevo, as palavras merecem o mínimo de respeito. Quem sujou o mundo? Ora, sei que uma mera estação não é o mundo, mas o mundo por grande que seja, é uma abstracção que se concede sê-lo, na prática, no pequeno canto onde estamos. A metáfora do amor que um dia nos medrou a boca, ardente, encontra seu equivalente real nas beatas. Milhões de beatas. Dou uns passos, ali, e bem ali em cima dos carris uma nota de 20 euros, rasgada, só pela metade, a mostrar o perigo do materialismo tão no caminho certo do abalroamento existencial. Quem sujou este meu mundo? Depois, as pessoas. Como um desfile de moda de sujos, fazem questão de combinar com as tendências locais de sujidade. Não basta a imundície física, chafurdam o cérebro na lama dos telemóveis e sorriem agraciados por alguma bênção nauseabunda. Parecem trazer nas mãos bolas de cristal que apesar de sobrecarregadas de imagens são tão vazias quanto as verdadeiras. Com a diferença de que as esferas de cristal de antigamente sempre serviam para estimular a imaginação. Felizmente que tenho algum dote de escrevente e limpo as feridas deste leproso tédio com qualquer borrão. Por isso, vo-lo digo, a verdade, literatura, quando é sincera, emerge como golfada profunda dos intestinos da alma.
De repente, recordações da tempestade. A razão em desespero salvar o barco tenta. Ondas gigantes vão e voltam, fustigam a embarcação, e batem, batem e batem no mar vivo do coração. E só depois a razão avista a ilha, virgem, pura. Limpa.
Quando penso nada mais haver para escrever ou observar, algo reaviva o meu interesse e ponho-me à escuta. A meu lado uma senhora fala ao telemóvel. Reconheço a voz. Percebe-se facilmente que é o mesmo timbre que se ouve das colunas de som da estação. O que tem muita graça e surpresa. Não é sempre que se encontra o rosto da divindade humana que nos guia todos os dias. Vai conversando ao telemóvel e nota-se que está com pressa, o jantar ainda não está pronto, o marido não se quer divorciar, o amanhã é já eminente. Está atrasada. Do outro lado da linha o filho espera-a impaciente no portão da escola. Não saias daí – diz-lhe – a mãe não sabe o horário do comboio. Imagino que o filho esteja questionando como é que a mãe não sabe quando é que vem o transporte, logo ela, porque mesmo a seguir a senhora repetiu aos berros A mãe não sabe o horário do comboio, pronto!! antes de desligar. Recomeça a falar sozinha mas agora para toda a estação. A sua voz salta do alto-falante e diz-lhe o horário. Deve ser, assim, nesse estridente e alto volume que nos ouvimos quando pensamos em coisas de que não gostamos. O comboio ainda vai demorar a chegar. A dona da voz dos horários, ao que parece, quer acima de tudo, não se ouvir e, por isso, coloca os auriculares. Mas a bateria do telemóvel acabou. É obrigada a continuar a ouvir-se como se naquela estação estivesse dentro da consciência. Não podia calar a própria voz. Não lhe interessavam outros comboios, outros horários, outros maquinistas, outros passageiros, outras vidas. Estando todos na mesma estação não nos interessa mais ninguém. Olhamos os outros convictos de que apenas nós existimos. A esperança de que haverá nalguma carruagem um lugar reservado com o nosso nome. Mas um lugar reservado devia existir, na estação, para este senhor que já deve ter trabalhado tantas décadas que o próximo comboio devia transportá-lo para as terras da reforma. Olha para o relógio e não vê as horas, antes, vê os comboios que na vida passaram, os amigos que já partiram, os comboios que nunca apanhou, as oportunidades que perdeu, a Rosa era uma mulher bonita, ainda é, mas nunca mais enviuva. Ou seja, será que ele ainda espera esse comboio? O seu ar solitário é o de alguém que uma vez se suicidou de verdade na linha férrea e foi trazido de volta à esta morte em que vive. Tem tão pouca esperança de renascer que já perdeu o desejo de se matar novamente. É ir morrendo. Parece que o tempo lhe deu este relógio para gozar com ele. Deu-lhe estas pessoas para troçar dele. Nunca ninguém tem tempo para estar consigo. E quando lhe vêm a memória percebe que essas pessoas têm de ir a correr para as memórias de outras pessoas, e portanto, não têm tempo para estar com ele agora. Nessa espera do comboio, escapa-lhe o nome do tipo que uma vez o desafiou para um jogo de bilhar, chamava-se              . O relógio que traz ao pulso tem mais vagões de acontecimentos que todos os comboios da Índia enfileirados. Foi o presente do antigo patrão que tinha um restaurante de comida                  , ou era italiana? Não, foi outro patrão quem lhe deu este relógio, no aniversário, ou foi porque não tinha dinheiro para lhe pagar as horas extras. Mentira, foi o             que lhe deu o relógio por causa de uma aposta que fizeram em dezembro de          . As suas memórias aparecem-lhe como os horários suprimidos num dia de greve.
Estamos a espera do comboio, sim. Mas, estamos a espera do quê? Falta-nos                 coisa. Para espanto de todos, até mesmo da senhora que dá voz às chegadas e partidas, o comboio foi cancelado e isto anunciado com a voz da mesma. Aí está uma prova de que aquilo que dizemos pode virar-se contra nós pois ficou muito aborrecida. Com isto, todos se espalham como se tivéssemos estado num mundo escuro que se acendeu. Agora, partilhamos uma chatice comum, táxis comuns, ubers são divididos. Alguns não sabem muito bem como ir sem comboio, mas pela falta de alternativa, procuram nas manchas de sujidade no chão uma revelação de mapa, algum caminho. Enchem-se ainda mais de tédio. Pontapeiam pombos imaginários, os pombos distraem, é por isso que os enxotamos. O mendigo que há pouco passou mas nada recolheu, tem por ora mais sorte, sabe que o ser-humano precisa de tempo e paciência para prestar atenção às vidas que o rodeiam. Quanto a mim, salto para os caminhos de ferro. Não estou sozinho. Vamos a marchar – um grupo de gente. Não, não. Não nos conformamos. Queremos chegar a algum lado. Quanto mais caminhamos percebemos que somos o comboio por que esperámos. Afinal, estávamos à espera de uma decisão própria. Não sendo tão velozes temos tempo para cantar juntos, os hinos do progresso, ao fresco, ladeados por murais de grafitis que os olhos de dentro do comboio não podem ver. Mas, a certa rasura, separo-me do grupo e corto por um matagal. O terreno eleva-se e de lá de cima avisto a cidade e a estação. O comboio chegou. Mas não havia ninguém para o receber. Todos tinham partido. O maquinista salta para a plataforma e fica ele à espera do comboio. Aquele que realmente importa. O comboio das pessoas.

Vandal Vox

 

Vandal Vox faz parte da comunidade literária Band of Poems com Mamã África, Title, Sentence, Krak Bleu e Mr. Vérité. Literatura de luta social. Vandalismo cultural.
A qualquer momento, uma ação clandestina.

Dia Mundial da Saúde Mental: o que falta mudar

Foto de Anthony Tran na Unsplash

 

No dia 10 de outubro assinalou-se o Dia Mundial da Saúde Mental. A preocupação com este assunto e tudo aquilo que implica deveria, em boa verdade, dar-se todos os dias. Os últimos dados estatísticos apontam para que mais de um quinto dos portugueses sofra de uma perturbação psiquiátrica. Todas as pessoas, em determinada altura da vida, estão suscetíveis a sofrer uma perturbação psiquiátrica.

No entanto, sem levar estes dados em conta, muitas pessoas comportam-se como se estivessem imunes a uma doença mental e fossem mil vezes superiores a quem as tem, como se esta fosse um defeito irreparável de fabrico ou, pior ainda, uma escolha. Vêm a pessoa com doença mental como “doido” ou “maluquinho” e o psiquiatra como “médico dos doidos” ou como alguém que “não é médico a sério”. Criminalizam automaticamente qualquer perturbação mental sem conhecerem aprofundadamente nenhuma.

A situação tem de mudar e julgo que não é uma matéria de legislação apenas, mas de sociedade, de abertura a quem é diferente, de avaliação dos ritmos de trabalho (que levam muitas vezes ao stress, exaustão e burnout profissional.

A saúde mental é cada vez mais um tópico de conversa (até porque os números mundiais de suicídios são assustadores) mas temos de passar dos chavões e frases feitas para a ação. Sem um esforço a nível micro, comunitário, nunca se passará para a dimensão macro.

As perturbações psiquiátricas são mais que rótulos ou títulos que encabeçam jornais com a clara intenção de vender mais. Um diagnóstico serve para avaliar uma condição e para o seu tratamento em ambiente próprio.  Não são medida de caráter nem de valor. Pedir ajuda não é sinal de fraqueza, nem todos os episódios psicóticos resultam em assassínios, nem todos os problemas são sem solução. Especialmente no século XXI em que as descobertas no campo das Neurociências, tanto têm contribuído para o campo da Neurologia e da Psiquiatria.

Que não tenhamos medo de nenhuma das palavras acima mencionadas e cuidemos sempre da nossa saúde.

 

Paula Gouveia

 

 

É possível experienciar níveis elevados de bem-estar apesar de enfrentarmos significativos desafios psicológicos?

 

Uma recente revisão sistemática conduzida por Eunice Magalhães do Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS-Iscte) explorou a saúde mental a partir da relação entre bem-estar e psicopatologia. Os resultados sublinham a importância de considerar as dimensões positivas e negativas da saúde mental na investigação e na prática clínica.

Eunice Magalhães, autora do estudo, explica que, nas últimas duas décadas, a saúde mental tem sido conceptualizada como incluindo duas dimensões inter-relacionadas, mas distintas – psicopatologia e bem-estar. Esta abordagem de duplo fator contradiz uma visão tradicional da saúde mental como sendo unidimensional e envolvendo a simples ausência de psicopatologia. “A investigação tem demonstrado que as pessoas podem ter resultados positivos em termos de saúde mental e reduzida psicopatologia, mas não é impossível obter níveis elevados de bem-estar e também de psicopatologia”, esclarece a investigadora. Com o objetivo de sistematizar as evidências ancoradas nesta abordagem da saúde mental de duplo fator, Eunice Magalhães realizou a revisão de um total de 85 estudos empíricos, tendo como participantes crianças, adolescentes e adultos.

Como o modelo de duplo fator oferece uma compreensão mais abrangente da saúde mental, é possível classificar quatro perfis de saúde mental baseados na intersecção do bem-estar e da psicopatologia. Estes perfis foram claramente identificados na literatura revista: “Saúde Mental Positiva” (elevado bem-estar e baixa psicopatologia), “Sintomático, mas com bem-estar” (elevado bem-estar e psicopatologia), “Vulnerável” (baixo bem-estar e psicopatologia) e “Problemático” (baixo bem-estar e alta psicopatologia). A maioria dos estudos analisados mostrou que o perfil “Saúde Mental Positiva” é o que apresenta maior prevalência, e os dados longitudinais sugerem que a maioria dos participantes (cerca de 50%-64%) tende a permanecer no mesmo perfil ao longo do tempo. Especificamente, os resultados sugerem que os indivíduos podem experienciar níveis elevados de bem-estar apesar de enfrentarem desafios psicológicos significativos, e também que as pessoas que não apresentam psicopatologia significativa não apresentam necessariamente uma saúde mental positiva. Esta constatação sublinha que as intervenções psicológicas devem ir além de uma perspetiva tradicional de redução dos sintomas.

No que diz respeito aos fatores associados a estes perfis de saúde mental, os estudos revistos neste artigo concentram-se principalmente em resultados relacionados com o contexto escolar, seguidos por relações de suporte, caraterísticas sociodemográficas, recursos psicológicos, atributos individuais, saúde física e eventos estressantes. Eunice Magalhães apela à necessidade de mais investigação que considere as variáveis individuais e englobe populações diversificadas, particularmente aquelas em risco devido a trauma ou violência.

As implicações desta revisão podem informar a prática clínica, mas também as políticas relacionadas com a promoção da saúde mental. Torna-se evidente a necessidade de uma mudança de foco da abordagem exclusiva da psicopatologia para a promoção do bem-estar, para que as intervenções possam ser mais eficazes na melhoria da saúde mental em geral. A autora defende o desenvolvimento de programas psicossociais que respondam às necessidades específicas de diferentes perfis de saúde mental, promovendo, em última análise, a resiliência e a adaptação positiva. “Reconhecendo a interação entre o bem-estar e a psicopatologia, podemos criar intervenções mais eficazes que apoiem as pessoas na obtenção de melhores resultados em termos de saúde mental”, conclui Eunice Magalhães.

 

Pedro Simão Mendes

Comunicação de Ciência (CIS-Iscte)

 

Literatura: Excerto do conto “Sete jalecos” do livro “Às voltas” de José Côrte

 

Meados de outubro. Francisco, Adão e José. Nove, onze e treze anos, respetivamente. Desciam com cuidado a ribanceira escorregadia coberta de folhagens secas – chovera ontem – do nogueiral do senhor João Caneca, padrinho de José, que dera autorização para ajuntar umas cascas de nozes da apanha nos dias anteriores. Levavam, cada um, uma saca. A orientação do pai fora, antes de partir para o norte trabalhar, encher uma saca bem cheia de cascas de nozes. Precisava delas, não sabiam para o quê, assuntos do pai.

– Para quê tanta casca de nozes? – perguntou Francisco.

– Sei lá – respondeu Adão.

– Para a cabra do tio José – disse José em tom jocoso.

– Cabra?! Só se for para lhe pintar os dentes de preto! – deu Adão continuidade à jocosidade do irmão. E riram-se os três às gargalhadas.

Tinham a manhã para cumprir o mandado e por isso combinaram gerir bem o tempo. Ajuntá-las rapidamente para terem tempo de brincar umas escondidas no nogueiral. E assim foi. Em pouco mais de meia hora cada um ajuntou uma parte. Encheram uma saca bem cheia para confirmarem a quantidade pedida pelo pai e voltaram a redistribuir pelas três sacas. Francisco reclamou:

– Sou o mais pequeno, tenho de levar menos!

– E levas! – retorquiu Adão.

– Como levo? – duvidou Francisco.

– A tua saca é mais pequena do que a nossa, por isso pensas que levas mais – explicou José o engano de perceção do irmão mais moço. Francisco não se convenceu, olhou, voltou a olhar, pesou com os olhos as três sacas. Quando se aproximou dos irmãos para comparar o peso, Francisco levou um leve carrolaço de aviso pela mão pesada de Adão:

– Na minha saca não mexes – disse Adão, apontando-lhe o dedo indicador.

– Na minha também não – disse José, apontando-lhe um outro indicador. E riram-se os manos mais velhos.

            Francisco não gostou das risadas, não se intimidou e ripostou com outro carrolaço no ar, pois Adão desviou-se a tempo. José, antevendo um desaguisado entre eles, iniciado com o carrolaço afetuoso de Adão, que Francisco não compreendeu, procurou acalmar os ânimos, os de Francisco principalmente. João Caneca, ao longe, no cimo da encosta, observava-os com atenção. Estava a achar graça ao desentendimento entre os irmãos. Veio-lhe à memória os seus insignificantes conflitos de infância com os seus irmãos mais velhos. Tirou o palito da boca, encheu os pulmões, e com um ar sério para não perder a autoridade, disse bem alto:

– O vosso pai não vai gostar de saber do que estou vendo!

Remédio santo. Acalmaram logo os exaltados ânimos.

            João Caneca vendo a fervura a extinguir-se, com a foice presa ao jaleco no ombro esquerdo e a enxada no ombro direito, deu meia volta e foi-se embora.

– Se ficamos aqui a teimar, ficamos com pouco tempo para brincar – lembrou José.

Assim foi, acabaram a zanga e brincaram às escondidas no nogueiral e outras brincadeiras pelo caminho de volta. (…) “

José Côrte

 

José Bernardino Gonçalves da Côrte é professor de artes visuais desde o ano letivo de 1990/91. Nasce na Ilha de Aruba a 13 de Abril de 1967, de onde parte para a Venezuela aos 5 anos. Chega à Ilha da Madeira aos 13 anos. Frequenta o ensino básico no concelho onde vive, Ribeira Brava, prosseguindo, o ensino secundário no Funchal, na Escola Secundária Francisco Franco. No ano letivo de 1990/1991, ingressa no Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira (ISAPM) onde conclui a licenciatura em Design/Projetação Gráfica. Nesta instituição participou, na sua galeria e como aluno, em várias exposições coletivas. Em 2017 lança a obra Maltrapilho de Natal e em 2022 a obra Às voltas, ambas constituídas por contos.

 

ENTREVISTA ATLETISMO  Olímpico Vianense contrata Ussumani Djumo um dos cinco melhores barreiristas portugueses em atividade”

 

 

Atual campeão nacional de clubes de atletismo ao ar livre da segunda divisão masculino, o jovem algarvio de Armação de Pêra, Ussumani Djumo, atual campeão nacional de clubes de atletismo ao ar livre da segunda divisão masculino é um dos melhores barreiristas portugueses em atividade, com a marca de 14.39 segundos nos 110 metros barreiras. Usummani Djumo, o atleta Sub-23 luso-guineense, nascido no ano de 2001, é campeão nacional de clubes de atletismo ao ar livre da segunda divisão masculino.

Fernando Alves, presidente do clube de Atletismo Olímpico Vianense, afirmou que “O Olímpico Vianense ambiciona chegar ainda mais longe na próxima época. A contratação do atleta Ussumani Djumo vai permitir-nos fortalecer a nossa equipa, mas ao mesmo tempo irá garantir condições ao atleta que lhe permitam continuar a prestigiar a região e o país com o seu alto nível de rendimento rumo ao seu objetivo de ir aos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028”.

“O nosso clube tem uma história longa de títulos e troféus alcançados por uma grande família de atletas e queremos que o Ussumani faça parte dela, trazendo ainda mais vitórias e bons resultados para o Olímpico Vianense”.

O Vianense continua assim o processo de fortalecimento da sua equipa para esta época.

“Estou muito feliz por terem apostado em mim para este novo projeto desportivo”, assumiu o atleta. “Ao mudar-me agora para o Vianense, espero dar o meu contributo para a equipa e em conjunto com os meus colegas continuar a elevar o nome deste incrível clube” disse o atleta após assinar o acordo com o Olímpico Vianense.

O atleta de Armação de Pêra, Silves, Ussumani Djumo, já conta com diversos palmarés: além de ter sido campeão nacional de clubes na sua divisão na época passada, foi ainda 4º Lugar no Campeonato de Portugal nos 110 metros barreiras este ano de 2024, e foi também 7º Lugar nos Campeonatos de Portugal em 110 metros barreiras em 2023.

Além disso, entre 2020 e 2023 enquanto representou o clube Associação Académica da Bela Vista (AABV) no Algarve, onde iniciou o seu percurso no atletismo, obteve 15 títulos de campeão regional.

Segue-se uma entrevista com o atleta Ussumani Djumo:

1_ Como começou a sua carreira no atletismo?

A minha carreira começou no atletismo em 2018, foi a primeira vez que fui fazer atletismo, comecei pelo salto em altura e só comecei porque um amigo meu, o Ari Borges viu-me a correr e disse se eu não gostava de fazer atletismo, que eu tinha uma boa corrida e eu disse “Eu não me importo”, mas de momento estava a fazer ginástica acrobática e ginástica acrobática era aquilo que queria levar para a minha vida. Nunca pensei que ia sair, mas pronto fui experimentar o atletismo em 2018. Em 2019 eles chamaram-me para participar no apuramento de clubes para fazer em salto em altura e triplo salto. O salto em altura correu muito bem, mas o triplo salto não correu tão bem, eu não sabia como se fazia nem nada. Mas foi interessante sentir-me bom, não era algo a que estivesse habituado, sempre me habituei a fazer provas coletivas, competições coletivas e torneios e ali era uma prova individual em que eu tinha de fazer salto em altura. Correu bem. Mas no próximo ano sai do atletismo por causa da ginástica, mas depois deixei de poder ir por causa dos transportes e etc. Entretanto, a Associação Académica da Bela Vista, voltou a comunicar-me se eu não queria continuar. Em 2020 foi quando comecei a fazer atletismo mais a sério, a treinar todos os dias e tudo o mais.

2_ É considerado um dos cinco maiores barreiristas portugueses em atividade. Como é que isso o faz sentir e que obstáculos tem enfrentado até aqui?

É uma sensação de felicidade, de gratidão, saber que sou um dos melhores barreiristas de Portugal sendo que comecei a fazer barreiras do nada. Já tinha facilidade por causa da ginástica acrobática, mas nunca tinha pensado que iam ser as barreiras, pensei que ia ser um dos melhores ginastas do mundo, por exemplo, ou no atletismo que ia ser saltador e afinal sou barreirista. É uma sensação ótima, de grande superação, pois comecei com muito baixo nível e ao fim de quatro anos consegui estar no topo dos melhores de Portugal. Por tudo o que passei, os altos e baixos que tive, as condições que tinha e os treinos eram tão poucos, sinto-me mesmo muito contente por finalmente estar a ir num bom caminho. Entretanto, vim cá para cima para o Norte e desde que aqui estou tem sido uma aventura tremenda.

 

 3_ O que espera alcançar, na sua modalidade, no futuro?

Como atleta, o meu grande sonho é conseguir ir aos Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles. Iria sentir-me realmente realizado, seria uma conquista de uma vida. Desde pequenino que quis ir aos Jogos Olímpicos, mas pensava em ir como ginasta. A vida dá voltas e nós vamos fazendo novas decisões ou tendo novos sonhos e o meu sonho é então ir ao Jogos Olímpicos desta vez a fazer 110 metros barreiras. Se tudo correr bem em 2028 estarei lá.

 

Paula Gouveia

Maria João Barros “Tudo é um convite para olhar mais profundamente para nós”

 

A trabalhar constantemente no desenvolvimento pessoal e humano, Maria João Barros desvenda-nos um pouco do seu processo ao responder-nos às questões abaixo:

1_ Maria João, se tivesse de definir o que faz e a realização que sente com a sua versatilidade, o que diria?

Tenho sempre alguma dificuldade em definir o que faço. Sem dúvida que em tudo o que faço, a visão sistémica está sempre presente. Assim sendo, o que faço permite que as pessoas vejam mais além do óbvio e entendam com mais profundidade a origem, as razões dos seus bloqueios e padrões repetitivos, de uma forma íntegra, humana e transparente.

Sinto-me profundamente realizada por trabalhar com a chamada “terapia do amor” porque de facto é exatamente isso que acontece. O fluxo do amor é restabelecido onde foi perdido e isso é maravilhoso!

2_ Trabalhar com crianças, que são o nosso futuro, permitiu-lhe ver o mundo de forma diferente?

Permitiu-me principalmente ver como o trabalho deve ser feito primeiro com os adultos. Só assim, as crianças poderão ser verdadeiramente crianças em toda a sua essência.

3_ Em que medida o serviço que presta de constelações familiares pode trazer de descoberta e clareza aos seus clientes?

 Acho que respondi a esta questão na primeira pergunta.

4_ Como devemos fazer para nos mantermos em estreito contacto com a nossa criança interior?

Para nos mantermos em contacto com a nossa criança interior, de forma saudável, é imperativo que ela seja integrada. Para isso é necessário conhecer as suas dores, os seus traumas, as suas vivências, integrá-las e conseguir que a criança confie no seu adulto para que seja guiada. Isso requer trabalho aprofundado de autoconhecimento, compromisso e dedicação. Apenas dessa forma é possível restabelecer o contacto saudável e mantê-lo.

5) Acredita que o que nos está destinado acaba por vir até nós?

Acredito que muito daquilo que queremos não é o que precisamos. Por essa razão, sim, tudo o que é importante para o nosso crescimento e evolução vem até nós. No entanto, dependendo das decisões que tomamos, vivemos mais a vida em dor ou em amor. Tudo passa pelas nossas escolhas. A verdade que precisa de ser dita é que muitas das nossas escolhas são inconscientes e mediante o que nos acontece, “tudo” é um convite para olhar mais profundamente para nós.

 

Pode adquirir mais informações sobre a Maria João (eventos, recursos, serviços, etc) no seu site oficial: https://mariajoaobarros.com/

 

Paula Gouveia

Ansiedade e depressão

Foto de Joice Kelly na Unsplash

 

Serão as duas faces da mesma moeda? Não posso falar como especialista em saúde mental, que não sou, mas às vezes sim. A ansiedade manifesta-se de diversas formas: numa agitação interior sem explicação que nos faz evitar tomar certas ações. A única maneira de melhorarmos é vermos através da ansiedade, ou seja, identificar os seus sinais e reconhecer o que nos pode estar a tentar dizer: ao nosso corpo, à nossa alma, a todo o nosso ser.

Se estamos constantemente a adiar atividades porque pomos em causa a nossa funcionalidade e temos medo de ficar ansiosos, aos poucos vamos desanimando e perdendo o prazer pela vida. Nada é mais desafiante e o que é, nós protelamos porque não nos sentimos à altura.

Não podemos comparar o sofrimento entre si. Sabemos que há a depressão unipolar (a mais comum), a da doença bipolar (que alterna entre fases de mania e depressão), que há respostas ao choque, ao luto, à solidão, ao viver com parcos recursos. A saúde mental é um tema demasiado importante para não ser debatido e analisado com mais cuidado.

Estes conceitos podem parecer distantes a quem não convive com eles numa base diária, mas infelizmente cada vez mais pessoas experimentam problemas de ordem psíquica. Não podemos deixar de pedir ajuda por medo de sermos rotulados. Não podemos deixar de pedir ajuda porque pensamos que podemos resolver tudo sozinhos. A nossa vida é demasiado grandiosa para isso.

Como sempre estar bem informado é fundamental, bem como procurar quem o possa tratar com empatia e compreensão para que recupere a alegria de viver. Sei que ansiedade não passa com fórmulas ou palavras mágicas, é um processo que pode demorar o seu tempo. Implica frustração por às vezes não conseguirmos fazer as coisas, por nos sentirmos lentos, desligados, desconectados das outras pessoas.

Quando a ansiedade e a depressão (que é mais do que apenas tristeza profunda) se aninharem insidiosamente no seu coração, não espere mais. Existem várias linhas de apoio que o podem ouvir e orientar:

 

SOS VOZ AMIGA

Horário: Diariamente das 15:30 às 00:30
Contacto Telefónico: 213 544 545 | 912 802 669 | 963 524 660

 

CONVERSA AMIGA

Horário: 15:00 – 22:00
Contacto Telefónico: 808 237 327 | 210 027 159

VOZES AMIGAS DE ESPERANÇA DE PORTUGAL

Horário: 16:00 – 22:00
Contacto Telefónico: 222 030 707

TELEFONE DA AMIZADE

Horário: 16:00 – 23:00
Contacto Telefónico: 222 080 707

VOZ DE APOIO

Horário: 21:00 – 24:00
Contacto Telefónico: 225 506 070
Email: sos@vozdeapoio.pt

 

Paula Gouveia