Tudo acontece na altura certa

Há umas semanas, numa conversa informal com alguém da geração mais nova ouço a frase “Tudo acontece na altura certa”. Sempre ouvi essa frase aplicada ao amor, mas pensei em como se pode aplicar à vida em geral.

Pensava que tinha todas as respostas, que finalmente estava a chegar a qualquer tipo de ordem mas infelizmente depois da morte da minha melhor amiga foi como se todas as cartas se tivessem baralhando, trazendo consigo o terror, a confusão e uma dor profunda.

Será que tudo acontece na altura certa? Mesmo a morte que consideramos mais injusta, mais incompreensível? É como se esta perda se marcasse na carne e se tornasse um divisor de águas.

Acredito que me vou sentir melhor, com a passagem do tempo. Que na altura certa vou conseguir curar as minhas feridas mas sei que ainda não cheguei lá.

Vejo com esperança os jovens de agora que falam mais abertamente sobre como se sentem e sobre a sua saúde mental. É por isso que me bato no ativismo que faço nesta revista digital. Dizem que as peças se encaixam movendo-nos em frente e não olhando para trás. Que seja então.

Paula Gouveia