A obra “A última duquesa” de Pedro Paixão é um verdadeiro manjar literário. Escrito de forma não exatamente linear, é um belíssimo livro, com um conteúdo que prima pela qualidade do pensamento e excelência das ideias.
As personagens femininas são marcadamente fortes como Vera, Raquel ou a Duquesa.
Este é um livro para os sentidos e para as emoções, sobre a nobreza de caráter e a sensibilidade que nos permite sentir tudo com extrema intensidade. Os factos históricos, filosóficos e sociais fazem-nos perceber que a Arte escapa a definições, não é algo que se possa simplesmente ensinar mas que pode sempre ser transformada.
Fiquei especialmente impressionada com a definição de mania de Platão, a designação antigamente dada à doença bipolar, que me acomete. Ele considerava que era o preço a pagar pela inspiração divina, pelo dialogar com as Musas. Poder pensar de forma positiva sobre a minha condição foi outra das benesses deste livro pois fez-me ver que tudo de bom na vida implica uma troca, um sacrifício (termo que na sua origem etimológica mais antiga significava justamente tornar sagrado).
A nível literário, Pedro Paixão continua a ser um escritor envolvente, que nos leva para o seu mundo narrativo e só nos liberta no final. Este livro, da entretanto encerrada Editora Licorne, merece ser lido por mais pessoas porque impacta a forma como pensamos sobre as paixões, sobre a saúde mental, sobre a existência humana. É daqueles livros que têm potencialmente o condão de abrir mentes e mudar vidas.
Paula Gouveia