Racismo em Portugal “Senti que olhavam para mim como se fosse um extraterrestre”

Foto de Victor Svistunov na Unsplash

 

Juan (nome fictício), de 35 anos, é um jovem cabo-verdiano que há cerca de dois anos escolheu Portugal para viver.

O acolhimento em território português ficou aquém daquilo que tinha sonhado, como se poderá ler na pequena entrevista que segue em baixo:

1- Qual foi a tua principal motivação para vires para Portugal?

A motivação para vir para cá foi procurar melhorar qualidade de vida, por exemplo ter um emprego fixo e conseguir-me sustentar sem ansiedade, o que em Cabo Verde sempre foi muito difícil. Quando cheguei só queria  trabalhar e estudar .

2_ Como foi o teu ingresso no mundo do trabalho em Portugal?

     Não gostei do meu primeiro trabalho, que durou apenas um mês. Fui explorado. Mudei de emprego e comecei a trabalhar na minha área, eletricidade. Eu estava contente, mas sendo o único Africano sentia que olhavam para mim como se eu fosse um extraterrestre, alguém de outro mundo que não sabia nada. Até ouvi piadas racistas por parte de colegas. Foi horrível! Sentia-me sozinho, passei a ver o povo português como um povo racista. Mas nem todos são assim

3_ O que fez a diferença nos momentos mais complicados que viveste?

   O que me ajudou muito foi  a fé que tenho em Deus. A esperança que todas as coisas más serão coisas do passado.  Agora sinto-me em casa, tenho verdadeiro amigos na minha congregação, que me ajudou a lidar com desafios que os emigrantes enfrentam.

Paula Gouveia