O sorriso é a curva que acerta todas as coisas e muitas vezes é quem pouco ou nada tem que oferece os sorrisos mais genuínos, vindos do fundo da alma. Estamos errados se pensamos que os bens materiais podem comprar tudo o que existe: não compram saúde, o tempo que podemos dedicar aos demais nem autêntica paz de espírito.
Cada vez olhamos mais para ecrãs (telemóveis, televisões e computadores) e menos uns para os outros. É um triste facto. Chamadas telefónicas interrompem as cada vez mais raras conversas face a face e muitas vezes estamos com amigos e a navegar nas redes sociais ao mesmo tempo. Perdemos a capacidade de aquietar a mente, de apenas estar. De oferecer abnegadamente o nosso tempo, a nossa dedicação e o nosso calor humano porque a amizade verdadeira e desinteressada não está à venda.
Perdemos a capacidade de olhar simplesmente à nossa volta, a natureza, o movimento natural das coisas e o bulício da terra onde vivemos sem querer estar permanentemente ocupados como se a vida fosse só trabalho e ter tempos livres fosse o maior dos pecados. Somos, muitas vezes como insectos tontos pela luz, a querer sempre mais: ter mais dinheiro, impressionar os colegas, viajar para um sítio qualquer paradisíaco… A lista nunca mais acaba e não vai acabar enquanto não percebemos que o maior dos vazios só se preenche quando aprendemos justamente a olhar. Para nós mesmos, para os outros, para tudo o que a nossa vista e imaginação consiga alcançar. Porque como disse muito bem o nosso Nobel da Literatura José Saramago “Se puderes puderes olhar, vê. Se puderes ver, repara”.
Eu digo mais: Se puderes reparar, agradece. E se puderes agradecer, sorri. Porque o sentimento de gratidão e o sorriso caminham de mãos juntas para nos fazer sentir plenitude interior. Ver as coisas boas no meio das coisas más, ter a capacidade de ver um pontinho de luz num quadro negativo, é mais que o famoso pensar positivo. É uma capacidade maravilhosa de reconhecer as benesses de todos os dias. Por isso se puderes faz ambas as coisas que mencionei e ilumina o mundo com o teu sorriso.
Paula Gouveia

