O poder da mudança

 

A única constante da vida é a mudança. Estamos sempre num processo de crescimento pessoal e descoberta: de novas pessoas, novas experiências e novos lugares. Mudamos de preferências, deixamos de nos identificar com situações ou anteriores relacionamentos, expandimos-mos tantos que já não cabemos nos rótulos e definições que sempre nos limitaram. É sinal que não estagnámos, de que continuamos a lutar, a evoluir, a estar vivos.

Um novo mês começa e traz consigo esperanças de conseguirmos viver cada dia como a nossa melhor versão, mais próximos da pessoa que sempre sonhámos ser. Por vezes focamo-nos demasiado em variáveis externas, isto é, fora do nosso controlo e lamentamos-mos quando os  nossos planos não nos correm de feição. Ficamos então insatisfeitos e frustrados e amaldiçoamos a nossa pouca sorte. Porém, cedo veríamos uma diferença nos resultados que obtemos se dirigíssemos o nosso foco para as questões internas, para tudo o que albergamos dentro de nós e que só depende da nossa ação e vontade para se realizar.

A escritora e poetisa Martha Medeiros tem uma frase muito inspiradora que passo a citar: “Se as coisas não mudaram até agora, então deixe as coisas como estão e mude você”. De facto, quando mudamos realmente, automaticamente as coisas ao nosso redor ficam diferentes também, quanto mais não seja porque as vemos com outros olhos. Nada mais é igual e tudo se altera para melhor.

Tomar a complexa decisão de mudar pode não ser fácil mas como em tudo na vida há que pesar todos os fatores e tudo o que pode estar a perder ao continuar na mesma posição. Isto é especialmente verdade numa sociedade que se move a uma velocidade galopante, quase vertiginosa, em que quem não se adapta à mudança fica inevitavelmente para trás. Ninguém quer ser subestimado ou posto de lado e a única solução para esse problema é ter flexibilidade e capacidade de fazer ajustes à sua rota sempre que se revelar necessário.

Quero acreditar que nunca é tarde para começar a cuidar mais de nós, para correr atrás dos nossos sonhos ou tentar ser feliz. Primeiro que tudo, é preciso sentir gratidão por tudo o que já se tem e depois começar por pequenas alterações que cumulativamente vão produzir mudanças estruturais na nossa vida. O que quero dizer com isto? Pode ser algo tão simples como fazer um esforço para ter uma atitude mais positiva e questionar pensamentos derrotistas e de insegurança. Pode ser implementar hábitos mais saudáveis ou que lhe possibilitem, por exemplo, desacelerar o seu ritmo de vida e passar mais tempo com a família e amigos. Pode ser não perder de vista a relação mais importante de toda a sua vida: a que mantém consigo mesmo(a).

Muitos de nós somos educados para querer mudar o mundo, para ter uma visão idealista de quem nem o Céu tem de ser o limite. Compartilho, em parte, dessa forma de encarar a realidade mas lanço a pergunta: de que adianta tentar mudar o mundo se não nos conseguimos mudar-nos a nós mesmos? Praticar o amor próprio e autoaceitação, potenciar defeitos, limar qualidades, ser autoconscientes e atentos às nossas necessidades e às dos outros. Se não conseguimos ter disciplina, paixão e motivação para implementar uma linha estratégica que nos será benéfica, para lutar pelas coisas que gostamos, para querer trabalhar todos os dias com brio usando o melhor dos nossos recursos e habilidades.

Temos muitas vezes medo do desconhecido e do vazio. Ficamos tão paralisados com a necessidade de tomar decisões que deixamos de apreciar todas as facetas boas da nossa vida, a nossa mente entra em descontrolo tentando prever as consequências de atos que nem tomámos ainda e basicamente, a sofrer por antecipação. Não é assim que devemos aspirar viver, sempre focados nos problemas e não nas soluções, sempre pensando no que poderíamos ter feito melhor e nunca valorizando nada do que temos ou conseguimos.

A mudança é poderosa e pode ser muito boa que a soubermos explorar para nossa vantagem. Por isso, agora que chegamos sensivelmente a meio do ano, não se lamente pelo passado, não invente desculpas e comece a ser agora mesmo agente de mudança. Se deseja perder peso, calce finalmente as sapatilhas e faça-se à estrada. Se deseja concretizar um projeto, ouse tirá-lo hoje da gaveta e pensar em maneiras de o começar a realizar. Tire o pó aos seus sonhos e fantasias, permita-se respirar, sorrir, olhar para quem é no fundo da alma, independentemente da pessoa que querem que seja.

Mudar é revolucionário. Tenha coragem de iniciar uma revolução pessoal e dê o primeiro passo. O mundo pode ser cruel e inóspito mas não se deixe desencorajar, comece de dentro para fora. Afinal, como diz um famoso provérbio chinês: “Antes de iniciares a tarefa de mudar o mundo, dá três voltas na tua própria casa”. Ou como sumarizou Osho “Quando a mudança começa em ti, já começaste a mudar o mundo”.

 

Paula Gouveia

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