A ansiedade é comummente definida como uma resposta exagerada do organismo a eventos potencialmente adversos ou ameaçadores que podem pôr em causa a sua sobrevivência. Desde os nossos antepassados na Idade das Cavernas, temos uma opção perante uma situação de perigo: luta ou fuga.
Na nossa rotina diária, há determinados acontecimentos que nos podem despertar muita ansiedade desde acontecimentos considerados muito importantes: exames finais no caso dos estudantes, uma reunião decisiva para a empresa em que se trabalha, uma apresentação em público, um dos medos mais generalizados. A ansiedade pode manifestar-se em coisas tão triviais como ter as nossas coisas desarrumadas e fora do lugar (especialmente se for antes de visitas, por exemplo) ou com a nossa aparência física, como ter os cabelos fora do lugar ou uns quilinhos a mais.
Nesta quadra festiva a pressão para nos sentirmos felizes, gratos e com um sorriso no rosto é muito grande, mas a verdade é que nem sempre nos sentimos assim. Isto não tem de ser necessariamente mau pois é da insatisfação humana que advém as maiores mudanças de estilo de vida e desenvolvimento pessoal.
Numa altura em que já se começa a fazer o balanço do ano de 2019 e a tecerem-se resoluções de ano novo, tem todo o valor tentarmos ser mais saudáveis, termos comportamentos mais focados nas soluções do que nos problemas, em vermos a visão geral em vez de nos focarmos nas imperfeições. Encarar o todo ajuda a relativizar qualquer situação de desconforto ou mesmo dor. Estas resoluções devem ser ambiciosas o suficiente para sentirmos que são desafiantes, realistas para não ficarmos logo desmotivados e mensuráveis, de alguma maneira.
Importa entramos em 2020 com o pé direito e concentrarmos-nos no que podemos controlar: as reacções aos acontecimentos da vida. De pouco adianta sofrer por antecipação, pintar cenários negros e perder noites de sono acometida por preocupações diversas (a insónia apenas vai aumentar o quadro de ansiedade e trazer possíveis complicações de saúde associadas).
Não peço para sermos tranquilos o tempo todo e imperturbáveis porque ninguém é de ferro e quando as emoções ditas negativas nos afectam, devemos permitir-nos senti-las pois todas nos poderão permitir amadurecer e crescer. Acima de tudo, devemos procurar cuidar de nós mesmos, não importa quantas pessoas possam estar a nosso cargo. Afinal de contas, no caso de um acidente aéreo não poderá salvar ninguém se não colocar a sua máscara de oxigénio primeiro.
Paula Gouveia
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