Falar deste projecto de ecoturismo e solidariedade, é falar um pouco da história do seu fundador, Hamilton Costa, de 43 anos, residente em Viseu. Nascido na Roça de Santa Catarina em São Tomé e Príncipe, vem para Portugal com 5 anos mas a maioria da família permanece na ilha. No final de 2015 fundou o grupo de facebook Ajudar a Amparar, que no ano passado recolheu 20 mil toneladas de bens, que Hamilton faz questão de entregar pessoalmente na ilha. Para fazer face a todas as suas despesas pessoais quando se desloca em missão a São Tomé e Princípe, criou “Bamu Non?: Ecoturismo e Solidariedade em São Tomé e Príncipe?” (em português quer dizer vamos?), em que pretende dar a conhecer toda a beleza da sua terra natal.
“Há muitas carências a nível de saúde, educação e infraestruturas mas a ilha tem uma magia particular e as pessoas sabem muito bem receber” revela Hamilton Costa. Para 2020 tem já cinco viagens agendadas em Maio e Agosto com grupos que podem ir até no máximo 18 pessoas.
As pessoas que se inscreverem vão usufruir “da natureza em estado puro”, tendo oportunidade de ficar numa roça familiar pertencente à família de Hamilton, uma casa de estilo colonial onde se cultiva café e cacau e de experimentar bebidas naturais e pratos típicos como o calulu (feito com peixe fumado ou frango), molho de fogo, vários tipos de peixe, frutos exóticos da época e fruta-pão.
Quanto aos sítios a visitar, Hamilton Costa promete levar os viajantes a “sítios onde os turistas geralmente não vão e a comunidades locais. Vamos andar sempre juntos a pé, de jipe, canoa e avião e até visitar o ilhéu das Rolas, que marca a linha do Equador”.
A experiência promete ser riquíssima com passagens breves pela capital, São Tomé. Para os apreciadores de animais, vão poder ver golfinhos, baleias e a desova das tartarugas e as paisagens naturais como cascatas, florestas e praias secretas nos recantos mais profundos de São Tomé e Príncipe.
Na vertente social Hamilton adianta “Vai haver reuniões com mulheres das comunidades locais para informar sobre higiene íntima e contraceptivos”. Vão decorrer ainda acções de voluntariado em escolas, jardins de infância, lares de idosos ou com animais (cães de rua) ou domésticos.
Hamilton Costa explica que São Tomé e Príncipe é conhecido como o “país leve leve”onde as pessoas procuram apenas viver com simplicidade o dia-a-dia sem se preocupar demasiado com o futuro. “As crianças ajudam os pais a ir buscar lenha e água antes ou depois das aulas mas ainda brincam nas ruas à bola, por exemplo, constroem jangadas… Já se vê pouco isso hoje em dia”.
Para Hamilton o sentimento que se vive em São Tomé e Príncipe é “inexplicável por palavras e é uma das terras que os viajantes mais querem repetir. É um encanto que vem da naturalidade nos sorrisos e gargalhadas das crianças, por exemplo. Numa mãe com a trouxa da filha amarrada às costas. Mesmo tendo tão pouco, fazem-nos perceber que não é preciso muito para sermos felizes”.