Assinalar o Dia Mundial da Saúde Mental

O objetivo desta revista foi sempre trazer conteúdos de muita qualidade dos meus colaboradores e partilhar a minha jornada relativamente à minha saúde mental.

Escolho deliberadamente hoje não usar o termo doença mental. A doença mental rouba sonhos, a doença mental assusta, a doença mental pode levar a atos de suicídio. Nada disso se passa comigo agora. Apresento um conjunto de sintomas muito próprios, fruto de perdas recentes, mas acredito mais do que nunca que ser sonhadora faz bem e se, sonhar é grátis todos temos direito a fazê-lo. Quanto ao medo, sei que a doença mental o pode evocar com a pessoa a dizer coisas aparentemente sem sentido, totalmente descontrolada a nível de impulsos, organização mental e linguagem verbal. Também já apresentei esta lista sucinta de problemáticas. Quanto ao pensar em acabar com a minha vida, nunca me ocorreu, mesmo nos momentos mais sombrios lembro-me de gostar de viver e ter esperança numa solução de problemas.

Saúde mental implica dizer adeus ao pensamento desestruturado, é mais que o olhar o sol da vida, é olhar para dentro e perceber que a forma como nos mostramos aos outros diz tudo sobre nós e da nossa capacidade de comunicar. Neste ritmo tão agitado em que vivemos no nosso quotidiano, não nos passa pela ideia abrandar. Dizemos que não queremos saber do que os outros pensam de nós mas é uma mentira descarada. Todos queremos ser nutridos, acolhidos, amados.

Tudo o que posso aconselhar aos leitores, é que por mais que estejam feridos, nunca desistam. Não sejam obsessivos, o caminho irá mostrar-se lentamente diante dos vossos pés e se não for por um lado, será por outro e poderão ser igualmente felizes. Pelo menos, tenham essa fé que coisas surpreendentes podem acontecer-vos.

Paula Gouveia

 

Foto de Jacqueline Munguía na Unsplash