Conhecemos bem a sensação: a de querer fazer tudo ao mesmo tempo, cumprir prazos, delinear objectivos e metas, trabalhando longas horas sem descanso. Sacrificamos tempo de lazer, tempo de descanso e que poderíamos dedicar à nossa família em nome de uma noção vaga de sucesso, de sermos exemplares. Exigimos demasiado de nós e esquecemos do que vai ficando pelo caminho: dos relacionamentos que se vão degradando por falta de investimento, do stress que se acumula por falta de horas para descomprimir e estar simplesmente sem fazer nada.
Saber cuidar de nós é essencial para podermos funcionar por inteiro. Para as mulheres pode ser difícil colocarem-se como prioridade. Afinal, estamos habituadas a tratar de todos à nossa volta e temos tendência a negligenciar as nossas próprias necessidades e bem-estar, sobretudo quando se é mãe e uma vida depende de nós.
Não queremos permitir-nos errar de nenhuma forma e é aí que a incapacidade de escolher ou de agir se pode manifestar. Temos tantos caminhos por onde optar, uma gama tão vasta de cenários que ficamos como que congelados, paralisados pelo medo. E ao mesmo tempo muito ansiosos porque não queremos estar assim parados, não queremos perder tempo. Só queremos tomar as decisões certas e ser perfeitos o tempo todo.
Não pode haver noção mais irrealista do que esta pois apesar de podermos aprender muito por observar o comportamento dos outros, há coisas pelas quais temos inevitavelmente de passar para aprendermos uma lição, para delas retirarmos propósito e sabermos com firmeza que caminho queremos trilhar. Não há como fugir a este processo que funciona por tentativa-erro, às vezes de forma similar a tactear um corredor às escuras, mas que é sempre desafiador e nos enriquece como pessoas.
Por isso pare de tentar ser perfeito(a) e simplesmente permita-se ser. Veja a diversidade de escolhas como um privilégio e não como algo que tem de ser obrigatoriamente confuso e negativo. Faça muito mesmo com pouco, aproveite todas as coisas positivas que tem a seu favor e tenha presente que mesmo que a vida lhe dê limões, pode fazer uma extraordinária limonada.
Paula Gouveia
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