Vamos falar sobre Educação Sexual?

 

Educação Sexual: um tema cada vez mais falado, mas que ainda é um tabu para muita gente nos dias de hoje, mas porquê? Muitas pessoas ainda pensam, erroneamente, que introduzir Educação Sexual nas escolas é ensinar as crianças e os jovens a fazerem sexo e destruir a sua “inocência”.

Por haver um estigma tão grande em torno do assunto acaba por não se fornecer informações suficientes nem o devido apoio às crianças e aos jovens em cada etapa da sua vida.

Antes de falarmos dos benefícios da Educação Sexual é essencial entendermos o porquê de ser tão importante, principalmente no contexto escolar, para isso pesquisei na internet sobre crimes relacionados com a sexualidade das crianças e dos adolescentes no nosso país e no mundo.

A primeira coisa que me saltou à vista foi a quantidade de notícias sobre abuso sexual, violência, pedofilia e pornografia que encontrei, pode-se dizer que foi um banho de água gelada pelo qual todas as pessoas deviam passar para acordarem para a realidade e compreenderem a importância da implementação de medidas que protejam os menores.

Ligamos as notícias e pensamos que estes tipos de coisas acontecem só nos outros países e apenas aos outros (ou aos filhos dos outros), entretanto aparece um caso ou outro em Portugal e até se faz um grande escândalo durante uma semana ou duas, mas e depois? Depois torna-se apenas mais um número como todos os outros, são os filhos dos outros, é só mais um… retornamos à indiferença, à amargura dos dias vagos, dos números, da conformidade… Não é meu filho, não é meu irmão, não é meu vizinho… Não é comigo.

Mais assustador do que os números foi perceber que grande parte desses crimes são cometidos pela família ou pessoas próximas da vítima. Se esses crimes são realizados dentro do meio familiar e dentro de casa, qual é o lar dessas crianças e desses jovens? Onde está o seu principal apoio, o seu pilar, onde é que podem sentir-se seguras?

Para muitas crianças a escola é o seu segundo lar e para algumas o seu refúgio, por isso as escolas devem ter um papel ativo no desenvolvimento das crianças e dos jovens que vai além de os ensinar a ler, a escrever e a fazer contas. Não estamos a formar máquinas estamos a formar pessoas e todas as pessoas têm o seu direito à sexualidade, é algo que faz parte de todos nós e está presente todos os momentos da nossa vida desde que nascemos.

Os alunos têm de saber que podem contar com ajuda por parte da escola, que não estão sozinhos e que podem sentir-se seguros no meio escolar.

Estamos a proteger as crianças quando lhes ensinamos que ninguém lhes pode tocar sem o seu consentimento, estamos a criar jovens mais conscientes, responsáveis e a combater a gravidez precoce quando disponibilizamos informações sobre métodos contracetivos e lutamos por um futuro melhor para os futuros adultos quando sensibilizamos os encarregados de educação a prestarem o devido apoio aos seus educandos em cada etapa das suas vidas.

O sistema educativo ainda tem de evoluir bastante para que todos tenham acesso a uma Educação Sexual de qualidade, não basta colocar um professor que leciona outra disciplina qualquer e não tem formação ou especialização na área a ensinar às crianças que não vieram da cegonha, deve ser um profissional competente (sexólogo) que saiba abordar o assunto e tirar as dúvidas dos alunos numa disciplina própria para o efeito que seja obrigatória para todos até ao 12º ano de escolaridade. Só assim se pode alterar o paradigma atual, só assim conseguimos mudar a realidade, as notícias e os números.

 

Maria de Jesus Rogeiro Rodeia