Joana Areias, é Terapeuta Junguiana, Formadora e Autora. Em 2011 fez a sua transição de carreira da área da saúde física para a área da saúde mental e desenvolvimento pessoal. Atualmente está em formação como Analista Junguiana. Lançou o seu 1º Livro em 2016 e o seu próximo livro já está escrito e chegará às livrarias em fevereiro de 2025.
Trabalha com pessoas que estão a viver um processo que se pode descrever como uma noite escura da alma. Sentem-se confusas, perdidas e com falta de sentido. A Joana ajuda-as a ter clareza sobre qual é a incoerência interior que lhes está a causar esta inquietação, a encontrar a confiança para encarar essa situação com verdade e a descobrir a coragem para agir sobre isso e transformar o que precisa de ser transformado.
O seu site oficial é: www.joanaareias.pt
Leia a entrevista da Humanamente à Joana já de seguida:
1) Joana, fizeste uma grande transição do mundo da Fisioterapia para o do desenvolvimento pessoal com o Coaching. O que te apaixonou para passares a estudar a mente humana?
Sim, há 13 anos fiz a minha transição de carreira da saúde física para a saúde mental e desenvolvimento pessoal, tendo começado pelo coaching, atividade que exerci durante muitos anos. Hoje dedico-me exclusivamente a ajudar as pessoas através da terapia junguiana.
O que mais me apaixonou quando conheci a psicologia junguiana foi o facto de ter finalmente encontrado uma explicação muito completa e profunda para compreender porque sou como sou, porque faço as escolhas que faço, porque repito frequentemente os mesmos padrões, porque tenho tanta dificuldade em certos temas e porque sou invadida por emoções difíceis como tristeza, inquietação e até perda de sentido.
A terapia junguiana ajudou-me a responder a essas questões e, acima de tudo, a compreender o ser humano maravilhoso que sou, precisamente por tudo isso. Claro que foi praticamente uma imposição espiritual passar a proporcionar esta descoberta e conexão interna a outras pessoas, sendo isso que faço junto dos meus clientes todos os dias.
2) Publicaste o livro “Tu consegues” que se pode enquadrar na Psicologia Positiva e na busca de clareza na carreira. Podes explicar um pouco como surgiu o teu método? Tens vontade de escrever mais livros?
Acho curioso enquadrares o meu primeiro livro na psicologia positiva. Nunca teria feito essa associação, mas refletindo um pouco, acho que a tua observação está correta. E essa observação mostra ainda mais claramente a transformação que a minha carreira sofreu nos últimos 5 anos. O meu trabalho atual não poderia estar mais longe da psicologia positiva.
Psicologia junguiana baseia-se em princípios completamente diferentes da psicologia positiva, psicologia cognitivo-comportamental e até do coaching. Nem por acaso, o meu segundo livro já está escrito e encontra-se neste momento a ser trabalhado junto da editora para ser lançado nos primeiros meses de 2025. Vai ser uma grande alegria trazer ao mundo uma obra que reflete precisamente essa transformação pessoal e profissional.
E reforçando essa ideia relativa à evolução do meu trabalho, enquanto que o meu primeiro livro se chama “tu consegues”, este segundo livro bem poderia chamar-se “Às vezes NÃO consegues” ahahahaha. Estou a brincar, esse não vai ser o título do novo livro, mas essa é a ideia.
Acima de tudo este segundo livro vai servir para nos confrontar com o facto de que o sofrimento é uma inviabilidade mas, ao mesmo tempo, colocar a hipótese de que pode haver um convite por detrás desse sofrimento.
A escrita faz parte da minha vida. Espero que este novo livro seja o segundo de muitos.
3) Já leste todos os livros de Jung e és atualmente terapeuta junguiana. Dirias que quando um tema ou autor te fascina vais até ao fundo dessa obra? Como descreverias as tuas consultas?
Sim, li todos os volumes das obras completas de Carl Jung. São muitos livros de leitura difícil e misteriosa. Uma obra arrebatadora e transformadora. Ler Jung é um verdadeiro teste à nossa resiliência, determinação e resistência à frustração. Mas o retorno é inexplicável. Isto porque a sua obra não nos afeta apenas cognitivamente ao nível da aprendizagem mental, mas impacta-nos espiritualmente, abrindo as portas para o todo que existe dentro de nós. Como Jung nos diz: “Se queremos compreender o Homem, temos de incluir o mundo todo.” E fá-lo com maravilhosa precisão.
Descreveria as minhas consultas como um processo dialético, ou seja, um diálogo entre mim, a minha cliente e os inconscientes de cada uma. Uma conversa a 4, portanto. Isso significa que o inconsciente de uma e da outra são agentes ativos no processo que está a desenvolver-se.
Para isso, faço uso de diferentes recursos como a análise, a interpretação de sonhos, o trabalho simbólico através de mitos, contos ou histórias, a observação da energia vital e a interpretação de intuições, sincronicidades e padrões emocionais.
4) Fiel aos arquétipos de Jung, sobre os quais já deste um curso online, com os quais te identificas mais e porquê?
O Curso Online O Mapa da Psique (com inscrições abertas apenas uma vez por ano, precisamente agora no início do Outono – www.joanaareias.pt/curso_mapa_da_psique) é na verdade uma introdução às bases da psicologia junguiana, o que também inclui o tema dos Arquétipos. Mas vai muito para além disso.
No entanto, o tema dos Arquétipos é de facto muito revelador, uma vez que nos permite encontrar uma descrição metafórica para experiências que estamos a viver no momento ou que tendemos a repetir frequentemente nas nossas vidas. Ter uma relação com os Arquétipos ajuda-nos a perceber que não estamos sozinhos na jornada, uma vez que os heróis e heroínas de todos os tempos já fizeram o caminho antes de nós. A nós só nos cabe seguir a linha do caminho do herói e encontrar o percurso que nos levará a mais vida.
Um dos Arquétipos que está sempre muito ativo na minha vida é de facto o Arquétipo da Mãe (antecipando já a tua pergunta seguinte). Mas atualmente estou ativamente a trabalhar para trazer a energia do arquétipo da Rainha para a minha vida. A energia da Rainha coloca-nos no nosso lugar de soberanas da nossa vida e no centro da ação do nosso próprio mito pessoal. É o Arquétipo que nos relembra que a nossa realidade exterior é apenas um reflexo da nossa realidade interior e que a prosperidade do nosso reino depende de nós e da nossa capacidade para assumir as responsabilidades pelos nossos resultados. A Rainha ajuda-nos a criar abundância, liderança pessoal e autoridade. E isso que estou a cultivar em mim, neste momento da minha vida.
5) Ser mãe foi um divisor de águas na tua alma? Há uma Joana antes e depois da maternidade?
Ser mãe está a ser um verdadeiro portal de encontro comigo mesma e com a Joana que sempre fui ou tinha o potencial para ser, mas não sabia.
Tem sido um autêntico confronto com o caos absoluto, o que nem sempre é fácil. Mas tem sido nesse caos que tenho visto reveladas verdades que ignorei durante anos e, dessa forma, sou obrigada a criar uma realidade ainda mais coerente comigo.
Costumo dizer muitas vezes que, desde que fui mãe, me sinto assim como que virada do avesso. O que estava dentro e escondido está agora da parte de fora o que me coloca numa posição de grande vulnerabilidade perante a vida e, ao mesmo tempo, numa posição de grande descoberta. E o que estava fora e se mostrava ao mundo, está agora virado para dentro e a receber o merecido descanso e, ao mesmo tempo, a permitir que o que antes era obscuro receba o seu devido tempo de destaque.