Pensei em escrever um artigo sobre como os números controlam a nossa vida: as classificações nos exames finais, a conta bancária, a idade… Enfim, todo um conjunto de indicadores que trazem consigo pressupostos que nem sempre correspondem à verdade. Muitas pessoas usam o adágio “Os números falam por si” para justificar uma história de sucesso. Mas nas alturas mais difíceis, em que mais precisamos de ajuda, não queremos ser tratados como mais um número. Queremos ser tratados como pessoas que podem falar por si próprias ou, caso essa hipótese esteja fora de alcance, ter alguém que os represente e fale por eles.
Foi com esse intuito que comecei a Humanamente. Porque mais que uma revista digital com um pdf que sai uma vez por ano, quero que seja uma comunidade que responda a questões, a dúvidas, que ampare as pessoas na sua busca por mais informação ou tão somente mais empatia e compreensão. O conceito deste site só faz sentido se houver essa troca e partilha, que nos permita a todos nutrirmos-mos uns aos outros de conhecimento, de experiência e de (porque não dizê-lo?) humanidade em estado puro. Há demasiados conflitos e lutas de interesses no mundo atual para que não nos unamos em busca não só dos pilares com que fundei este projeto e que repito até à exaustão (saúde, bem-estar e desenvolvimento pessoal), mas também por um mundo melhor.
Acredito que quando estamos na nossa melhor condição física, mental e espiritual, esse estado (ou energia se lhe quisermos chamar) transborda e acaba por contagiar todos os que estiverem ao nosso lado, a inspirá-los a fazerem também a sua parte. Porque o objetivo não deve ser à partida começar por obras grandiosas, mas sim pelos pequenos passos, pelas coisas pequeninas que estão efetivamente no nosso controlo. E num mundo em convulsão, ansiedade, com fome, guerra, pandemia, aquecimento global e tantos outros males, quem não quer sentir a sensação de um pouco mais de controlo para fazer o bem? Ao outro, a si mesmo, a esta linda Terra em que nos é dada a oportunidade de habitar.
E no entanto, muitas vezes uma nuvem negra e carregada instala-se na nossa vida e impede-nos de ver com clareza e discernimento o que está à nossa volta. Posso enumerar várias razões e deixar alguns conselhos para superar estados ou pensamentos limitantes:
- Aceite quando precisa de pausar as suas atividades. Durante algum tempo batalhei para atualizar este site porque não sabia exatamente o que queria dizer e tudo me parecia inútil. De facto quando estamos desesperados ou num estado mental negativo, olhamos para tudo o que somos e para todo o nosso trabalho numa avaliação depreciativo e menosprezamos as nossas próprias qualidades. Há alturas em que precisamos realmente de repousar e dar a nós mesmos tempo de processar o que se tem passado connosco.
- Não dê tiros no próprio pé, deixe amadurecer as suas ideias e leve o tempo que precisar para tirar as suas próprias conclusões. Nesta sociedade de tanta informação, mas que ao mesmo tempo afunila cada vez mais o que já sabemos, permita-se explorar e sair da caixa. Lembre-se da frase de Bertrand Russell “O problema do mundo de hoje é que os sábios estão cheios de dúvidas e as pessoas idiotas estão cheias de certezas”.
- Não se foque no que não tem neste momento. Se a vida amorosa não lhe corre de feição, deixe de esgotar as suas energias vitais em algo que lhe traz sofrimento e foque-se em todas as coisas positivas que possui. Enumere as suas bênçãos e esqueça-se dos motivos para chorar. Todos tempos problemas e nem sempre nos sentimos plenos. Acredite que a chave para a felicidade está dentro de si e não num qualquer relacionamento amoroso, salve-se a si mesmo(a) e lentamente, verá que se começa a curar do interior para fora!
- Tente adotar um estilo de vida mais saudável. Seja consciente da comida que coloca no seu corpo, beba muita água e exercite-se, pois é fundamental. Se tem vícios prejudiciais para a sua saúde, pense neles como uma muleta que pode estar a usar para evitar lidar com certos sentimentos ou sensações e equacione deixá-los.
- Tente abandonar uma mentalidade de escassez para uma mentalidade de abundância, em que acredita firmemente em si e que essa fé se propaga em tudo à sua volta. Deixe de lado os ressentimentos e sentimentos de culpa e perceba que cada dia é uma oportunidade de começar de novo, como uma folha em branco. Lembre-se de uma coisa: não é fracasso enquanto não desistir. A beleza está na tentativa.
Paula Gouveia
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